Até quando São Paulo continuará a perseguir seus próprios ideais? (463 anos)
- Bobby Vini
- 25 de jan. de 2017
- 3 min de leitura

“Perdido entre os homens
Confundindo justiça e injustiça

Cegado pelo próprio ego
Incumbido de uma missão suicida
"Perseguir meus irmãos
Matar minha humanidade"
Perdido dentro de mim mesmo
Confundindo o errado pelo certo
Cegado pela luz divina
Incumbido agora da salvação
Persigo um futuro iluminado
Enquanto salvo a mim mesmo
Dou vida a quem antes teria matado.”
- Bobby Vini.
Dedicado ao apóstolo Paulo, é assim que nasceu esse poema e a cidade de São Paulo. No dia em que se comemora a conversão do apóstolo Paulo (25/01) é considerado o nascimento da cidade. Nessa data foi realizada a missa de inauguração do segundo colégio dos jesuítas, no Planalto de Piratininga numa colina, próxima aos rios Tamanduateí e Anhangabaú, no ano de 1954.

No ano de 1553, os padres jesuítas subiram a Serra do Mar, pois estavam interessados em buscar um local seguro para se instalar e catequizar os índios longe da influência do homem branco, como chamavam os europeus, também surgiu a necessidade de providenciar alimentos aos índios convertidos. Ao atingir o planalto de Piratininga, encontraram o ponto ideal. Tinha “ares frios e temperados como os de Espanha” e “uma terra mui sadia, fresca e de boas águas”. Ao redor do colégio formou-se uma pequena povoação de índios convertidos, jesuítas e colonizadores. Na região já viviam caciques Tibiriçá e sua gente.
Mas foi só depois de quase 200 anos que a cidade mais populosa do país começou a se tornar algo que um dia poderia vir a ser importante, ganhando o nome de São Paulo, decisão ratificada pelo próprio rei de Portugal. Na época a cidade era ponto de partida dos Bandeirantes, que faziam expedições para o interior do Brasil em busca de minerais preciosos e escravos para trabalhar em suas lavouras e minas.
De planalto com clima ameno, hoje se transformou numa verdadeira Selva de Pedras que tanto encanta quanto assusta as mais de 12 milhões de pessoas que atualmente fazem parte da agitação da cidade. Pode-se dizer que a cidade é para o Brasil um grande motor que o impulsiona em movimento constante e reflete isso para todas as regiões do país, fazendo com que muitas pessoas ainda busquem na cidade uma oportunidade e um lugar ao Sol.

Infelizmente terrores do passado continuam a amedrontar a história da cidade e do país, transformando pessoas necessitadas em escravas para sua subsistência. E onde muitos continuam a ser enganados por promessas vãs de salvação dos pecados e da crise. E até quando a aceitação e a tolerância para com o outro será de forma mascarada?
Talvez seja hora de pararmos para refletir no quão mesquinho temos sido. Como uma das cidades mais importantes do nosso país, centro financeiro da América Latina e uma das mais importantes metrópoles do mundo, porque não ser o espelho de um Brasil mais forte e de motivação verdadeira, de um povo de garra e paixão, que luta e trabalha em prol de seus ideais e que não se conforma com migalhas de um governo que só abusa da população. E ser exemplo de verdadeira tolerância para com tamanha diversidade de credos, etnias, orientações sexuais e tribos, onde pessoas buscam o mesmo objetivo, ter uma vida digna.
Talvez nem sempre seja ruim construir a vida em meio a essa Selva de Pedras, quase sempre nasce uma flor. Parabéns a todos que moram nessa cidade maravilhosa e a cidade em si que dá vida a todos eles, parabéns pelos 463 anos. Para felicitar esse dia fique com um poema de Cora Coralina, Das Pedras:
Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida…
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude
dos meus versos…

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